A Fábrica de Moagem de José Mateus Vilhena

Das origens ao Museu

José Mateus Vilhena

O Fundador

Nos meados dos anos 20 do século passado, José Mateus Vilhena abandonou a lavoura e a criação de gado para comprar um terreno nos limites da aldeia de S. Domingos, no concelho de Santiago do Cacém. Tinha já a intenção de instalar uma moagem nesse local, onde existia um moinho movido por uma caldeira a vapor (locomóvel).

Esta máquina era utilizada nesta função durante o inverno e durante o verão dava movimento a uma debulhadora móvel, que era deslocada para as eiras que contratava com os lavradores, para fazer o serviço no local. José Mateus tinha a ajuda do seu filho Henrique, que dava assistência à debulhadora: transportava os mantimentos para os trabalhadores, o petróleo e o óleo necessários ao funcionamento da máquina, as maquias e os cereais com um trator de marca Ferguson. Para os locais mais distantes esse transporte era assegurado por uma camioneta de marca Chevrolet, o primeiro veículo automóvel de S. Domingos, que era conduzido por José Mateus Vilhena Júnior ou pelo irmão Manuel Mateus Vilhena. 

A construção

A fábrica de moagem foi construída nesse local em 1925, e chegou a ser a de maior movimento do distrito de Setúbal, segundo o filho do fundador. A razão desta grande atividade foi a alta qualidade do trigo da região, que era preferido pelas padarias, e que obrigava esta moagem em especial a trabalho acrescido.

Instalada num edifício de rés do chão e 1º andar, a maior parte dos seus equipamentos foram construídos em madeira. As razões apontadas para o uso deste material são várias: a madeira era mais barata que os metais, e era de mais fácil transporte, uma vez que o engenho e todos os equipamentos foram montados no local. Outras moagens existentes na zona, como a de Santiago do Cacém, Alvalade ou Grândola, usavam a madeira como material predominante de construção.

Na construção do edifício da fábrica foram utilizados materiais diferenciados: nas paredes, a taipa (terra argilosa colocada entre taipais para a construção), a pedra e o tijolo de burro; no piso térreo, o cimento; o piso superior, a madeira de eucalipto e pinho; na cobertura, a chapa de zinco; nas janelas, a madeira e o vidro e nas portas, a madeira e o ferro.

A reabilitação

Da moagem ao Museu

As obras de reabilitação e valorização da Fábrica da Moagem como monumento da arqueologia industrial terminaram em novembro de 2014, tendo dado origem ao Museu da Farinha. A recuperação de espaços de convívio e de conhecimento do património rural e, ao mesmo tempo, o desenvolvimento de atividades de caráter didático-cultural estão em curso. Temos como objetivos preservar e divulgar um elemento do património rural e industrial marcante para a região, salvaguardar os conteúdos da tradição oral, os ofícios e artes, as histórias, as tradições e costumes, a música e a gastronomia, investigá-los, estudá-los e expô-los e mostrar o ciclo do pão, desde a seara até à mesa.

Para esse efeito, foi criada pelos proprietários a sociedade "JMV-Turismo Cultural, Lda." que se candidatou ao programa PRODER no âmbito da medida 3.2 "Melhoria da Qualidade de Vida", e da ação 3.2.1 "Conservação e Valorização do Património Rural" para a criação do Museu da Farinha. Foi celebrado um protocolo de cooperação com o Município de Santiago do Cacém, que se comprometeu a prestar acompanhamento científico, a elaborar o Projecto Museológico e Museográfico, o guião de exposição, o projeto de iluminação cénica, entre outros. O Museu compromete-se a abrir as portas aos visitantes num horário regular (de 5ª feira a domingo, das 14h00 às 18h00).

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